Topo da página dos Fundos Solidários


Home | Notícias | Fundo Nordeste Solidário

NAS COMUNIDADES DO INTERIOR NORDESTINO, DOAR E PARTILHAR JÁ FAZ PARTE DO DNA

Outro dia tivemos nossa reunião da Rede Nordestina de Fundos Solidários. Vinte e duas lideranças, mais mulheres que homens, de pequenas associações comunitárias de municípios do interior da Bahia, do Maranhão, da Paraíba e de Pernambuco fizeram um balanço de suas campanhas locais de captação de recursos para seus Fundos Rotativos Solidários.

Eliane, técnica em agropecuária de Paulino Neves, no Maranhão, relatou que a Associação de Santo Domingos organizou uma rifa e conseguiu captar R$1000 para o Fundo Rotativo da Comunidade São Domingos. Além da campanha, a Associação que mantém uma horta comunitária, realizou outras ações. Com o investimento de R$5000 da campanha anterior, os agricultores de São Domingos haviam ampliado uma criação de peixes. A produção foi muito boa, com isso conseguiram investir parte do lucro numa plantação de melancia. Novamente deu muito certo: colheram 4 toneladas de melancia! Na comunidade e na feira do município conseguiram vender somente 2 toneladas.

Então resolveram utilizar parte da receita das vendas para fretar uma caminhonete para levar as melancias para as comunidades vizinhas. Doaram as 2 toneladas para famílias que não podiam comprar. Em outra ação, lideranças da Associação fizeram várias visitas a uma comunidade vizinha, Passagem do Lago, para ensinar as famílias de lá como organizar seu próprio Fundo Rotativo Solidário. Passagem do Lago também fez campanha e já mobilizou R$2000 para iniciar o Fundo Rotativo deles.

O próximo relato foi de José Elias, “Zito”, agricultor e Presidente da ARESOL, Fundo Rotativo Solidário de Monte Santo, no sertão da Bahia. A ARESOL havia planejado fazer uma rifa e um leilão para captar recursos para seu Fundo Rotativo, com uma meta total de R$3000. Fizeram a rifa e alcançaram a meta de R$1500. Mas aí houve as enchentes no Extremo Sul da Bahia que deixaram 20 mortes e dezenas de milhares de pessoas com suas casas danificadas ou destruídas.

Diante essa tragédia, a ARESOL resolveu destinar os recursos de sua segunda ação para as vítimas das enchentes. Arrecadaram R$5000 para ajudar as famílias do Extremo Sul baiano.

Escutamos outros relatos da Paraíba e de Pernambuco, onde as comunidades organizaram bingos, rifas, torneios de futebol, torneios para premiar cabras leiteiras e feiras de agricultura familiar, além de campanhas para os sócios contribuir R$100 por mês durante os meses da campanha. Em soma, as campanhas locais dos nove Fundos Rotativos arrecadaram R$20.000, mais que o FUNDO NORDESTE SOLIDÁRIO conseguiu captar de doadores brasileiros, até agora, na nossa campanha nacional nas capitais!

Os relatos de generosidade e partilha dessas lideranças comunitárias me tocaram profundamente: acostumadas a conviver com a falta de recursos, essas comunidades organizadas têm uma capacidade extraordinária de investir, fazer render e multiplicar os benefícios dos poucos recursos que têm ou recebem. São empreendedores sociais natos com um instinto natural de priorizar a partilha de qualquer lucro com a comunidade ao invés de permitir um acúmulo de riqueza na mão de poucas lideranças.  É verdade que o grau de organização das comunidades e redes de organizações a exemplo da ASA – Articulação do Semiárido Brasileiro e sua capacidade de investir e gerir recursos é fruto, em parte, de longos processos de formação e acompanhamento técnico por parte de organizações da sociedade civil que se  fortaleceram com o apoio de políticas públicas entre 2004 e 2016. Mas esses processos produziram resultados num terreno fértil, qualificando as associações e grupos locais que já viviam os valores de solidariedade e partilha, que já praticavam de mutirões e outras formas de ajuda mútua.

Os mais de 300 Fundos Rotativos Solidários identificados nos nove Estados do Nordeste e norte de Minas Gerais e cadastrados num Banco de Dados oferecem um enorme potencial para multiplicar e levar à escala as pequenas iniciativas de partilha local com uma boa injeção de doações de pessoas físicas e empresas nas capitais. O retorno do investimento nessa tecnologia social (certificada pela Fundação Banco do Brasil) vai se multiplicando, porque os empreendedores e grupos beneficiados devolvem o recurso recebido para seu Fundo Rotativo para ser investido novamente. 

NAS COMUNIDADES DO INTERIOR NORDESTINO, DOAR E PARTILHAR JÁ FAZ PARTE DO DNA


Galeria de Fotos